Encostas-me a mão. A tua pele deitada na minha. Os teus sonhos estendidos nos meus. Às vezes juro que parecem os mesmos. Mas quando se ouvem são tão diferentes. Continuo a jurar que desenhamos o mesmo caminho. Mas experienciamos tantas coisas desiguais. Continuamos. Intensos. Desejosos de uma vida embrenhada no que somos, juntos e separados. Numa vida que une o que somos, juntos e separados. Mesmo sabendo que nunca o estamos, despegados. Encostas-me o corpo. Dormindo nos tecidos de que sou feita, alimentando aquilo que se vai destruindo com a erosão da vida. Adormeces. Num sono tão lento e tão fugaz que imprimes em mim a sensação de que não há nada lá fora. Que cá dentro somos feitos da paixão que vive nas veias que temos. Essas que cheiram a algo que não sei senão algo que sei tão bem. Olho-te, de olhos fechados. Sinto-te, às vezes sem precisar tocar-te. Abraço-te, por entre as palavras que sussurro no teu ouvido. Dormes. Mas parece que me ouves tão bem. Abraças-me, mas juro que não chegaste a acordar. Às vezes, estar aqui faz-me estar em todo o lado. Sempre me disseste que viajaríamos muito, acho que não sabias era o quão tinhas razão. Continuas a dormir. Há algo na forma como dormes que me agarra. Me desperta os sentidos. Me faz querer-te cem mil vezes mais...
Encostas-me a mão.
A tua pele deitada na minha.
Os teus sonhos estendidos nos meus.
Jurava-te que ficava aqui,
para sempre,
eternamente.
Maravilhoso, minha querida!
ResponderEliminarA promessa da eternidade soprada pela efemeridade de um sono com direito a guardiã(o).
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