quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Às vezes parece que ainda andas por aí. Sinto mesmo que não desapareceste e que o bater do teu coração ainda palpita junto a mim. Mas não. Às vezes esqueço-me que um dia a tua única oportunidade foi dizer adeus. E que nenhum sorriso e amor do mundo te prendeu, junto a mim. Que nenhuma força ou alma do mundo foi inteira demais para te prender, aqui, junto a mim. Às vezes parece que ainda andas por aí... Em forma de anjo ou não, parece que passeias os meus percursos e saboreias as minhas vitórias. Parece que me proteges, me olhas, me seguras a mão, me acaricias a pele enquanto eu, embebida em ti, te chamo mamã com a audácia feliz de uma criança que vive pelo amor de mãe. Às vezes parece que ainda andas por mim e é difícil esquecer-me e lembrar-me que não tenho mais o teu abraço de mamã eterna. Que não posso ter mais o teu sorriso de fazer voar as borboletas. Mãe, voaste cedo demais não sendo tu uma borboleta... Voaste cedo demais não sendo tu uma andorinha... Às vezes ainda digo o teu nome e chamo-te mamã. Baixinho... Quando ninguém se senta do meu lado e escuta o poder da minha voz, dou um berro silencioso que treme e grita e geme e pede ansiosa e inexoravelmente por a tua volta e pela ternura do teu abraço outra vez. Às vezes ainda chamo por ti, bem dentro do meu quarto arrastada na minha cama, e grito sem ninguém ouvir para que abras a porta do meu coração de novo. Pergunto na direcção da porta, ainda vestida com a pele inocente de criança, porque te atrasaste e perdeste o comboio de caminho a casa. E pergunto, na direcção do vento, porque não trás mais consigo o teu corpinho de amor e a tua voz angelical... E pergunto e pergunto, vestida de criança percorro o mundo num corpo da menina que um dia te perdeu para sempre. Nunca nada teve nem terá mais poder em mim que a tua partida... Um dia disseste adeus, sem oportunidade de dizer mais um olá. Partiste. Na mulher que hoje sou ainda existe uma criança. Que te espera e deseja, ardentemente, que um dia voltes a entrar pela porta dentro. Que te espera e deseja, na esperança, de um dia poder beijar a tua pele de novo. Essa pele de arco-íris que me protegia do mundo e do universo inteiro. Um dia realmente partiste... Hoje sou uma mulher vestida de criança sempre que às vezes parece que ainda andas aí... A sobrevoar-me. A ser a mamã que partiu mas que um dia voltará em forma de anjo sendo hoje o brilho de todas as minhas estrelas. Sendo a minha forma de anjo. O meu lugar ocupado no céu.

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Até Já

A minha foto
Apaixonada pela vida. Escrevo sempre que a inspiração regressa a mim. Prosa, poesia. Esta última é o meu mais recente amor. Sou apaixonada pelas pessoas que me rodeiam. Passeio pelo mar, pelas montanhas, pelas ruas da cidade. Tenho um grande amor por animais, especialmente pelo meu cão Pantera. Sou engenheira química e trabalho como gerente comercial Têxtil. Em breve vou publicar o meu primeiro livro de poesia! Dedicado ao anjo mais bonito que tenho, a minha Mãe.