Recuso-me a pensar que estás num cemitério. A acreditar que existe um local que contém aquilo que já não és.
Nunca te falei nisto, mesmo por entre todas as minhas cartas. Tremo, choro e sofro de pensar na ausência que vivo por não poder abraçar o teu corpo. E depois vejo o resto das pessoas a dizer que te vão visitar ao cemitério.
Tremo, choro e sofro sempre que alguém vai ao teu encontro lá.
Tu não estás lá, Mãe.
Tu estás aqui comigo. Por entre nós. Naquilo que vivemos por ti e naquilo que fazemos induzidos pela saudade que deixaste nos corações de quem te ama.
Tremo.
Choro.
Sofro.
Em momentos que não consigo apagar, por mais que o tempo desde que passou a tua morte aumente.
Grito.
Sozinha.
Tão triste.
Em berros silenciosos que atacam tudo o que sou. Naquilo que consegui construir para ser a mulher feliz que permitisses que eu fosse. Em berros que me desfazem numa tortura que me esmaga e me sufoca.
Recuso-me a pensar que estás num cemitério.
O teu lugar é aqui comigo.
A tua vida são os pássaros que me rodeiam, as flores que dançam por entre as suas raízes, os vestidos que uso que me dão a tua forma, as brisas que sinto quando o meu corpo se arrepia, são o sorriso das manas que sorriem tão igual a ti.
A minha saudade é toda tua. Qualquer saudade à beira do precipício que é viver sem ti não existe.
Tu está aqui mãe.
Mas há momentos em que não conseguimos ser quem somos.
Quem sou. Por teres sido tu.
Mas há momentos que esmagam.
Desculpa.
Há momentos que nunca deixarão de nos derrubar.
ResponderEliminarForça!
r: Eu é que agradeço!
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