quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Saudade de alguém que não volta

O que fazer? O que fazer com a saudade que ficou de alguém que já não volta? De alguém que vive só porque ficou em nós... O que fazer? O que fazer agora que já não podemos resgatar o sorriso de quem já foi? Agora que já não podemos abraçar quem não tirou bilhete de retorno... Quando morreste não sabia bem como encarar esta pergunta. Não sabia como é que o teu brilho continuaria se já não estavas comigo... Se a felicidade que pairava no ar sempre que existias parecia que já não estava cá... E, então, perguntava: " O que fazer? O que vou fazer eu agora que já não estás no meu abraço como ontem" e foi, então, que descobri. Que descobri que como hoje amanhã também não estarias, que como amanhã depois disso também não estarias... Durante anos e anos perguntei a mim mesma, durante centenas e centenas de momentos, o que fazer com os restos que ocupam tudo da tua ausência... E foi então, num longo e demorado processo, durante tanta revolta e angústia, que percebi, finalmente, que não podemos fazer nada porque a única coisa que nos salva de não perdermos aqueles que são o que somos mas partiram para não voltar é a saudade. É difícil... Porque toda a saudade nos relembra que não há retorno possível para morte. Mas é bom. É bom porque nos mantém acordados.... Bom porque é a única coisa que faz a chama da vida dessas pessoas continuarem acesas, em nós... Bom porque nos mantém num abraço de amor, inquebrável e inatingível aos olhos de quem não sente, com aqueles que partiram, como eu me mantenho sempre contigo (tu de quem eu sinto tanta falta). Como eu permaneço para aguentar a vida às costas quando não és tu quem me dá a mão mas o vento que de ti trás lembranças, e amor e sorrisos e carinho... Tantas e tantas vezes perguntei o que fazer à saudade. Onde meter todos os bocadinhos de dor e onde encaixar todo o amor que ainda te tinha para dar.... E hoje sei, mais ou menos, o que fazer com cada um desses momentos. Mais ou menos porque há sempre um dia (ou outro) que não estamos à espera de nos sentir como sentimos e, aí, nenhuma solução nem apaziguamento possível faz acalmar a nossa alma... Porque a morte trás sempre dor inesperada a quem continua vivo. E essa dor é sempre diferente (de uma maneira sempre parecia)... Hoje vivo, sou a mulher linda que sou porque te mantenho, a ti que agora moras no céu, dentro do meu coração. Dentro de tudo o que mexe e brilha dentro de mim. Aprendi, aos poucos, que devemos à saudade o maior abraço que possa existir no mundo. É nela que vivo quando quero ser o que era contigo... E é nela que vives. Nela que respiro, nela que reajo... Nela que os meus sonhos são possíveis (esses que me fazem acreditar que ainda moras no meu abraço).

6 comentários:

  1. acho que li isto no dia certo. e tu sabes, querida Mariana, que estas tuas palavras poderiam ser minhas. sabes de como elas me completam e de como essa saudade vive tambem dentro de mim.
    es linda. um beijinho

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  2. Revi-me tanto mas tanto aqui.. está só lindo!!:)

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  3. "Durante anos e anos perguntei a mim mesma, durante centenas e centenas de momentos, o que fazer com os restos que ocupam tudo da tua ausência.." adorei, adorei! a saudade é um sentimento contraditório, corrói mas deixa-nos sempre a esperança dum reencontro, não é? e essa esperança nunca pode morrer em nós enquanto algo nos fizer acreditar...! um beijinho:)

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  4. oh minha querida muito muito obrigada pelas tuas palavras . mais do que para exprimir os meus sentimentos, escrevo para que alguém possa partilhar comigo estes sentimentos e possa sentir aquilo que também eu sinto. <3 é bom saber que consigo fazer com que pessoas que amam também reflitam sobre o amor <3 obrigada mais uma vez

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  5. obrigada, Marianinha! também gosto muito de vir aqui, leio e releio as tuas palavras. sabes uma coisa? não há ninguém que saiba falar de saudade de uma maneira tão carinhosa e especial como tu o fazes.

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  6. não sei quando é que voltará mas espero que em breve. obrigada pelas palavras amorosas que me ofereces sempre. e este texto, fiquei sem palavras. revi-me tanto nele, como se alguém me estivesse a ler a alma

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Até Já

A minha foto
Apaixonada pela vida. Escrevo sempre que a inspiração regressa a mim. Prosa, poesia. Esta última é o meu mais recente amor. Sou apaixonada pelas pessoas que me rodeiam. Passeio pelo mar, pelas montanhas, pelas ruas da cidade. Tenho um grande amor por animais, especialmente pelo meu cão Pantera. Sou engenheira química e trabalho como gerente comercial Têxtil. Em breve vou publicar o meu primeiro livro de poesia! Dedicado ao anjo mais bonito que tenho, a minha Mãe.