O
que fazer? O que fazer com a saudade que ficou de alguém que já não
volta? De alguém que vive só porque ficou em nós... O que fazer? O que
fazer agora que já não podemos resgatar o sorriso de quem já foi? Agora
que já não podemos abraçar quem não tirou bilhete de retorno... Quando
morreste não sabia bem como encarar esta pergunta. Não sabia como é que o
teu brilho continuaria se já não estavas comigo... Se a felicidade que
pairava no ar sempre que existias parecia que já não estava cá... E,
então, perguntava: " O que fazer? O que vou fazer eu agora que já não
estás no meu abraço como ontem" e foi, então, que descobri. Que descobri
que como hoje amanhã também não estarias, que como amanhã depois disso
também não estarias... Durante anos e anos perguntei a mim mesma,
durante centenas e centenas
de momentos, o que fazer com os restos que ocupam tudo da tua
ausência... E foi então, num longo e demorado processo, durante tanta
revolta e angústia, que percebi, finalmente, que não podemos fazer nada
porque a única coisa que nos salva de não perdermos aqueles que são o
que somos mas partiram para não voltar é a saudade. É difícil... Porque
toda a saudade nos relembra que não há retorno possível para morte. Mas é
bom. É bom porque nos mantém acordados.... Bom porque é a única coisa
que faz a chama da vida dessas pessoas continuarem acesas, em nós... Bom
porque nos mantém num abraço de amor, inquebrável e inatingível aos
olhos de quem não sente, com aqueles que partiram, como eu me mantenho
sempre contigo (tu de quem eu sinto tanta falta). Como eu permaneço para
aguentar a vida às costas quando não és tu quem me dá a mão mas o vento
que de ti trás lembranças, e amor e sorrisos e carinho... Tantas e
tantas vezes perguntei o que fazer à saudade. Onde meter todos os
bocadinhos de dor e onde encaixar todo o amor que ainda te tinha para
dar.... E hoje sei, mais ou menos, o que fazer com cada um desses
momentos. Mais ou menos porque há sempre um dia (ou outro) que não
estamos à espera de nos sentir como sentimos e, aí, nenhuma solução nem
apaziguamento possível faz acalmar a nossa alma... Porque a morte trás
sempre dor inesperada a quem continua vivo. E essa dor é sempre
diferente (de uma maneira sempre parecia)... Hoje vivo, sou a mulher
linda que sou porque te mantenho, a ti que agora moras no céu, dentro do
meu coração. Dentro de tudo o que mexe e brilha dentro de mim. Aprendi,
aos poucos, que devemos à saudade o maior abraço que possa existir no
mundo. É nela que vivo quando quero ser o que era contigo... E é nela
que vives. Nela que respiro, nela que reajo... Nela que os meus sonhos
são possíveis (esses que me fazem acreditar que ainda moras no meu
abraço).
acho que li isto no dia certo. e tu sabes, querida Mariana, que estas tuas palavras poderiam ser minhas. sabes de como elas me completam e de como essa saudade vive tambem dentro de mim.
ResponderEliminares linda. um beijinho
Revi-me tanto mas tanto aqui.. está só lindo!!:)
ResponderEliminar"Durante anos e anos perguntei a mim mesma, durante centenas e centenas de momentos, o que fazer com os restos que ocupam tudo da tua ausência.." adorei, adorei! a saudade é um sentimento contraditório, corrói mas deixa-nos sempre a esperança dum reencontro, não é? e essa esperança nunca pode morrer em nós enquanto algo nos fizer acreditar...! um beijinho:)
ResponderEliminaroh minha querida muito muito obrigada pelas tuas palavras . mais do que para exprimir os meus sentimentos, escrevo para que alguém possa partilhar comigo estes sentimentos e possa sentir aquilo que também eu sinto. <3 é bom saber que consigo fazer com que pessoas que amam também reflitam sobre o amor <3 obrigada mais uma vez
ResponderEliminarobrigada, Marianinha! também gosto muito de vir aqui, leio e releio as tuas palavras. sabes uma coisa? não há ninguém que saiba falar de saudade de uma maneira tão carinhosa e especial como tu o fazes.
ResponderEliminarnão sei quando é que voltará mas espero que em breve. obrigada pelas palavras amorosas que me ofereces sempre. e este texto, fiquei sem palavras. revi-me tanto nele, como se alguém me estivesse a ler a alma
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